Quantos amigos você tem? Desculpe, mas isso não é uma pergunta retórica: feche os olhos de verdade e conte nos dedos: quantos amigos você realmente tem? É engraçado, parece que esse número diminui com a idade. Não estou falando dos colegas de trabalho ou dos companheiros eventuais de balada. A não ser que você seja um ermitão, esses costumam aumentar durante a vida. Mas os amigos verdadeiros, aqueles que querem o seu bem de verdade... esses tendem a diminuir.
Morrissey tem uma música chamada 'We Hate it When Our Friends Become Successful' (Nós odiamos quando nossos amigos se tornam bem-sucedidos). Poucos artistas batizam canções tão bem quanto o ex-vocalista do The Smiths, mas nesse caso eu discordaria: odiamos quando gente que conhecemos pouco se dão muito bem. Os amigos de verdade, a gente gosta. E torce.
Afinal, amizade serve para quê? Para quase nada, se você pensar bem. Para os problemas do dia-a-dia, temos a família; para os profissionais, temos os colegas. Os amigos entram onde, então? Naquela zona temporal cinzenta que também parece diminuir a cada dia: o tempo livre.
Tempo livre não é só a seqüência de horas que se passa em volta da mesa no almoço de domingo com os pais. É também o tempo livre de qualquer obrigação, que você pode gastar vendo TV ou falando sobre coisas inúteis. Sério: o que muda na vida de alguém saber quem foi o maior atacante da história do Corinthians? Nada. E, mesmo assim, você é capaz de fazer (quase) qualquer coisa na vida para convencer esse alguém disso. Esse alguém... é um amigo. Ele é o cara com quem você se senta num bar, molha as palavras com cerveja durante quatro horas, e ainda sai de lá pensando no que você se esqueceu de dizer. Isso é amigo. O resto é... conhecido.
Amigo de verdade a gente também reconhece nas situações difíceis, mas não apenas quando nós temos problemas: os problemas dos amigos são os que mais merecem e precisam da nossa amizade. Nem sempre é fácil, às vezes eles acham que está tudo bem. Mas o melhor amigo não é só aquele que ajuda o outro: é aquele que também deixa o outro ajudá-lo.
Um comentário:
Meu caro amigo etílico, filosófico e oitentista.
Poucas vezes me impressiono com escritos de pessoas, mas tu sempre dás um jeito de me impressionar com idéias com escrita simples, porém fortes, arrebatadoras e asfixiantes. Tirando alguns erros de português (claro, sempre estamos à mercê deles), o mais importante está aqui: idéias.
Grande abraço, meu querido.
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